Marisol estava em polvorosa. Renato, seu primo de Minas
Gerais ia chegar. Como ele era muito mais velho que ela, ela o via como um
super-herói.
Marisol - Mãe!!!!!!!!!!!!! Já está na hora?
Mãe - De quê, Marisol?
Marisol - Do primo chegar.
Mãe - Minha filha, já é a quarta vez que você me pergunta
isso. Espere que ele daqui mais um pouco vai chegar.
Marisol
estava agoniada, andando de um lado para o outro. Seus cachinhos não paravam no
lugar. Quando ela o viu entrar pelo portão, deu um grito e pulou para seu colo.
Deu
muitos beijinhos no primo tão querido, que por pouco não caiu no chão.
Renato - Uai, priminha! Assim você me mata.
Marisol - Ah... Que saudade!!!!!
Muitas
e muitas vezes Marisol ficava na casa de Renato quando seus pais podiam viajar em períodos de
férias. A cidade pequena onde ele morava era muito acolhedora assim como o povo
da região.
Marisol
não poupou nenhum dos detalhes do que vinha aprendendo com vó Vilma e vô Luiz.
Renato, por sua vez, muito paciente, incentivava a prima.
Renato - Ah, então você é espírito?
Marisol - E você também, Renato?
Renato - Hum, muito bom saber isso. Diga-me uma coisa,
Solzinha. Quando vocês foram à praia com tio Zezinho, você tomou banho de mar?
Marisol - Claro! Mamãe disse que eu parecia um bolinho à
milanesa.
Renato - Por que isso?
Marisol - É que eu estava cheia de areia... É tão bom rolar
na areia...
Renato - Realmente. E depois tomou banho de mar e tirou a
areia.
Marisol - Claro!
Renato - Você sabe, Solzinha, que nós estamos agora num mar imenso.
Marisol - Não, Renato, nós estamos na varanda.
Renato – Não. Estamos
num mar de fluidos.
Marisol - O que é isso?
Renato - Mexe os
braços como se estivesse nadando, ou como se estivesse imitando as ondas.
Marisol
assim fez e Renato a ajudou fazendo também como se estivesse nadando.
Renato - E aí,
Marisol? Está sentindo alguma coisa?
Marisol – É engraçado. Parece que meus braços têm umas
formiguinhas andando.
Renato - É porque você está mexendo com os fluidos que
existem só que não vemos
Marisol - Hum... Que estranho. Pra que serve?
Renato - Ah, isso é um a longa história. Vou cantar para
você uma música que fala sobre isso.
Renato
pegou o violão de vô Luiz e começou a dedilhar e cantar:
Fluido vital não é vida, mas sem ele não há vida não.
Vegetal, animal, não vivem, não vivem sem fluido vital.
Fluido vital é modificação do fluido cósmico universal
Que dá origem a tudo que existe no mundo material.
Marisol - Mas por que você está me contando isso?
Renato - Vó Vilma não está falando a você sobre os ensinos
do Livro dos Espíritos? Pelo que você me falou, ela, vô Luiz, até o tio Zezinho
que é todo desligado já esteve lhe ensinando sobre o livro.
Marisol - É verdade.
Renato - Então? Como diz um grande autor: “Há muito mais
coisas entre o céu e a terra do que
supõe nossa vã filosofia.”
Marisol - Nossa, Renato! Você é muito sabido mesmo! Você é
meu herói!
Renato - Nosso herói é Jesus.
Marisol - Mas me explica mais sobre esse flu aí.
Renato - Ih, Solzinha... Tem muita coisa para falar sobre
isso Bem, querida, você já sabe escrever?
Marisol - Sim.
Renato - Pode escrever como foi que os tripulantes da
Discovery conseguiram consertar o problema que houve na espaçonave?
Marisol - Hum... Não sei nem o que é Discovery...
Renato - Então o fato de saber escrever não quer dizer que
você sabe escrever sobre tudo.
Marisol - Mas quando eu estiver do seu tamanho eu vou saber?
Renato - Se você estudar, sim.
Marisol - Então eu vou querer sempre estudar. Mas me explica
só um pouquinho.
Renato - Vamos então. Nós temos aqui na terra diversos tipos
de força: força centrífuga, força centrípeta, força gravitacional, por exemplo.
Esses fluidos, que nós não vemos são muito importantes.
Marisol - Como assim?
Renato - Vamos fazer um barquinho de papel.
Marisol - Eu sei. Pode deixar que eu faço.
Renato - Enquanto isso, eu pego uma bacia.
Renato
logo voltou com uma bacia de tamanho grande e encheu-a de água. Marisol
terminou de fazer o barquinho com uma folha de papel.
Marisol - E agora, Renato?
Renato - Agora coloque seu barquinho aqui na água.
Marisol
assim fez. A princípio o barquinho estava paradinho, mas Renato mexeu de leve
de um lado e logo do outro fez uma onda que movimentou o barquinho de papel.
Renato - Viu?
Marisol - É mesmo. Foi só você mexer de levinho que o barco
movimentou.
Renato - Assim como essa mexida leve movimentou o barquinho,
os fluidos também levam as emoções que
estão em nós.
Marisol - De todo mundo?
Renato - Sim.
Marisol - E não dá confusão, não? É muita gente, primo.
Renato - Não dá não.
Marisol - Interessante.
Renato - Se eu estiver brigando em casa, vou atrapalhar a
paz no mundo. Mas se eu estiver levando minha vida com alegria e felicidade,
essa felicidade devagarzinho vai se espalhando.
Marisol – Esse flu é muito interessante. E eu nem conhecia
isso... Mas você canta dizendo que vegetal, animal não vivem sem isso.
Renato – É verdade. Todos nós temos fluido vital, que dá
vida.
Marisol – E esse mar que você falou que nós estamos dentro
dele?
Renato – O principal é o FCU.
Marisol – O que é
isso?
Renato – Fluido Cósmico Universal. Ele dá origem a tudo que
existe no mundo da matéria.
Marisol – Como assim?
Renato – Vamos dizer que é assim: se não tiver FCU, não tem
árvore, não tem mar, não tem terra, não tem passarinho, não tem gente.
Marisol – Uau! Por isso que ele é universal.
Renato – Isso mesmo!
Marisol – Acho que vou falar FCU porque essa outra palavra é
de enrolar a língua.
Renato - Ei, Marisol! Não se esqueça da música.
Marisol - Ah, sim.
Renato – Vamos cantar?
Marisol – Vamos.
Marisol ficou
dançando enquanto Renato cantava aquela música que daria origem a muitas outras
conversas. Estavam na varanda observando o sol da tarde. A brisa soprava suave
balançando as plantas e espalhando o doce perfume das flores:
Fluido vital não é vida, mas sem ele não há vida não.
Vegetal, animal, não vivem, não vivem sem fluido vital.
Fluido vital é modificação do fluido cósmico universal
Que dá origem a tudo que existe no mundo material.
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