Como ler o livro

Por ser um blog, as postagens mais recentes ficam à frente. Portanto, vejam desde a introdução, os capítulos na sequência numérica. Leiam o 1º capítulo, depois o 2º e por aí vai.
Espero que aprendam, se divirtam e se emocionem com Marisol, sua família e seus amigos.

Atenciosamente,
Sonia da Palma

Contato:
soniadapalma@yahoo.com.br

sábado, 28 de janeiro de 2012

Capítulo 3 - Quem veio primeiro?



 Tio Zezinho nem quis descansar do almoço e lá estava falando sem parar. Ele sempre gostou de dar aulas e parecia que estava com seus alunos.

Tio Zezinho - Voltando ao início da conversa que vocês tiveram com tio Luiz e que eu estava completando, percebemos que na natureza as mudanças foram acontecendo de uma forma que não podemos dizer como Quando começaram a surgir as primeiras vidas eram vidas muito simples, organismos de um pontinho só (célula). Gradativamente, a mudança do ambiente e de elementos químicos foi acontecendo.
Querem ver um exemplo?
Vou dar para vocês comerem agora um pouco de farinha de trigo, 1 ovo cru, um pouco de leite. Depois vocês vão comer um pouco de manteiga, de açúcar e um pouquinho de fermento em pó.
Marisol - Credo, tio! Que “eca”! – falei com uma careta de nojo.
Tio Zezinho - Bem, vamos mudar um pouquinho a maneira de comer. Vou pegar todos esses elementos, misturar de forma adequada, batendo um pouco, tirando a casca do ovo, é claro. Depois, vou deixar que uma temperatura bem elevada cozinhe essa massa, toda essa mistura.
 Marisol - Ei, a mamãe faz bolo assim.
Tio Zezinho -  E aí? Topam comer uma fatia de bolo?
Marisol - Mas por que você está falando de bolo?
Tio Zezinho - Para vocês perceberem que os elementos estão aí. A mudança se dá de acordo com as quantidades utilizadas, os elementos que se misturam e a temperatura.
 Marisol - Acho que estou começando a entender, tio.
Tio Zezinho -  Gradativamente a temperatura da Terra, que era tão quente,  foi baixando. O que aconteceu? A mistura dos elementos químicos fez com que  formas novas fossem aparecessem. Os seres vivos que foram surgindo eram bem simples e foram se reproduzindo, a princípio, sozinhos. Depois, foram evoluindo e começaram a criar ovos que jogavam para que  dali fossem surgindo outros seres, como os peixes fazem. Mais tarde, começaram a criar esses ovos que dariam continuidade à sua espécie dentro de si mesmos.
Os cientistas estudaram e chegaram à conclusão de que as aves provêm, isto é, vieram dos répteis. Como os répteis reproduziam-se através de ovos, assim as aves vieram a pôr ovos também. Mas como se deu o início da galinha, não podemos precisar. Não temos como dizer: no dia tal surgiu a  primeira galinha. Tudo na evolução é devagar, devagar, mas constante. Assim, não podemos dizer quem veio primeiro, pelo menos por enquanto, neste nosso estágio evolutivo.
Marisol - Ah, tio...
Belinha - Ué, Marisol, lembra do que sua vó falou: nós ainda somos bebezinhos para entender.

                Belinha lembrou bem.

Tio Zezinho - Sim, mas a ciência está a cada dia descortinando novos horizontes e o homem  cada vez mais usa sua inteligência em favor do próprio homem para o bem.
Marisol - Um dia saberemos?
Tio Zezinho - Certamente, mas ainda falta muito tempo.
Marisol - Ah... não gosto de ter que esperar. – eu sempre fui muito impaciente.
Tio Zezinho - Você gostaria de começar a trabalhar hoje para ganhar dinheiro e poder pagar as contas de sua casa?
Marisol - Tio, eu ainda sou criança. Estou na idade de brincar.
Tio Zezinho - Concordo. Nós também. Todos nós ainda somos “crianças” perante a evolução e não conseguimos entender toda a significação dessa coisa grandiosa e fantástica que é  a obra de Deus.

Para sossegar os ânimos, tio Zezinho disse que iríamos entender tudinho no dia seguinte, pois faríamos uma “expedição científica”.

Quase não consegui dormir pensando no que seria, onde seria e como seria. Eram muitos “seria” na minha cabeça.

Acordamos cedo e ele  disse que iríamos  ao mar.  Avisei à Belinha e ao Toninho para que eles se preparassem para o local especial da nossa expedição.

O mar estava calmo e muito clarinho. Entramos um pouco na água e os peixinhos passeavam por entre nossas pernas. Mamãe ficou com a gente enquanto tio Zezinho pegava uma porção de coisas. 


Ele mostrou os peixes que nós já conhecemos. Pegou uma concha e disse que ela era fechadinha antes e que dentro dela morava um bichinho.

Eu sou meio difícil de acreditar em qualquer coisa que me falem.  Eu preciso entender.

Então, ele pegou uma inteirinha e mostrou o bichinho que estava lá dentro. Era molinho e pequenininho.: surubim. Tem gente que come. Eu prefiro não comer.

Saímos para pegar outras coisas e tio Zezinho nos chamou:

Tio Zezinho - Ora, ora! Que bom que vocês acharam essa Maria Farinha.

Ele colocou a concha e o caranguejo juntos.

Tio Zezinho - Esta concha parece que é algo sem vida, mas já vimos que tem vida dentro dela, um molusco. O caranguejo, a Maria Farinha,  e os  peixes também vivem no mar, mas já levam uma vida mais adiantada que a dos moluscos.
Belinha - É tudo igual? – perguntou Belinha.
Tio Zezinho - O que você acha? Você acha que todos os animais têm o mesmo grau de evolução? Vamos lá. Quem você acha que é mais adiantado: o caranguejo ou o peixe?
Marisol, Toninho e Belinha - O peixe. – respondemos.
Tio Zezinho - Agora vocês vão me dizer quem é mais adiantado: o polvo, o tubarão ou a baleia?
Toninho - Tubarão! – respondeu o Toninho.
Marisol e Belinha - Baleia! – respondemos eu e Belinha.
Tio Zezinho - Bem, meu rapaz, desta vez as meninas estão certas.
Toninho - Por quê?
Tio Zezinho - Porque a baleia é mamífero e o tubarão é um peixe. Vamos arrumar aqui para você entender.

Tio Zezinho começou a desenhar na areia para explicar.

 Tio Zezinho - Existem muitas espécies de animais diferentes dentro da água em nosso planeta, cada um dentro de um estágio diferente de evolução. Pelo que vimos aqui, temos os moluscos, os crustáceos, os peixes, os cetáceos e os mamíferos. Levou muito tempo para que as espécies evoluíssem.
  Logo no início apareceram os moluscos, depois os crustáceos, depois os cetáceos e por último, os mamíferos. Os mamíferos se adaptaram à vida em terra firme. O homem foi o último a aparecer na terra..
Marisol - Por quê?
Tio Zezinho -  Porque ele não teria como suportar todas aquelas mudanças tão violentas pelas quais o planeta passava durante sua formação. Eu gosto de dizer que Deus é o arquiteto da beleza porque quando o mundo já estava com árvores lindas e exuberantes e o céu estava azul lindo como a paz, aí surgiu o homem.
Toninho - Uga! Uga! – bradou Toninho batendo no peito.
Marisol - Que isso? – perguntei sem entender.
Tio Zezinho - Ele quer imitar os homens pré-históricos – explicou meu tio. – não sei se eles faziam “Uga! Uga!”, mas quando começaram a expressar o que sentiam, já era grande o progresso.
Toninho - Já pensou, ter que lutar contra os dinossauros usando tacapes? I á á á á!!! – Toninho parecia um maluco dando socos e pontapés no ar.
Tio Zezinho -  Ei, turminha. O homem nunca conviveu com os dinossauros.
Marisol - Como não?! – estávamos espantados.
Belinha - E os filmes? – quis saber Belinha que era fã da família Dinossauro.
Tio Zezinho - Ah, tudo fica muito mais interessante quando colocamos uma pitada  de ação e mistério. – tio Zezinho fez cara de filme de terror.
Toninho - Isso é verdade. – concordou Toninho já cabisbaixo por não ter como contracenar com os monstros pré-históricos.
Tio Zezinho -  A verdade, pessoal, é que o homem surgiu na África  há mais ou menos 150 mil anos, e os dinossauros desapareceram há 65 milhões de anos, por causa da queda de um meteorito gigantesco sobre a Terra.
Marisol - Ah..., que pena... – suspirei chateada.
Belinha - Pena? Já pensou ter que correr com aqueles monstros atrás da gente. Como iríamos para a escola? – Belinha era a mais apavorada dos três.
Tio Zezinho - Por falar em pena, voltemos às “penosas”. Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

Toninho nem lembrava mais da sua pergunta que deu origem a toda essa conversa. Estava mais interessado agora nos “monstros” do passado.

Marisol - Ih, já tinha até esquecido.


Voltamos para casa já no início da noite. A água estava morna e uma delícia. Fomos os últimos a sair de lá. No caminho víamos cada estrelinha que povoava o firmamento. Parecia que elas nos olhavam e acompanhavam durante todo nosso trajeto de volta.












Capítulo 2 - Falando sobre a criação de Deus

Dois dias depois de nossa conversa sobre Deus e toda Sua grandeza, Toninho chegou com uma conversa que me embaralhou a cabeça.

Toninho - Marisol, quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?
Marisol - Foi...

                Caramba !! Eu percebi que não sabia. Quem veio em meu auxílio foi vô Luiz.  Vô Luiz é diferente dos outros vôs: ele enxerga com os olhos da alma.

Vô Luiz - Vai, Marisol! Fale para o Toninho quem veio primeiro. – falou vô Luiz rindo.
Marisol - Gup! – o engasgo não me deixou responder.
Vô Luiz - E você sabe, Toninho? – dessa vez meu vô pegou meu amigo de jeito.
Toninho - É... bem... sabe como é, né?
Vô Luiz - “Como é, né”, eu não sei. Eu sei que na formação do nosso planeta os elementos químicos já se encontravam aí, esperando o momento certo de se agruparem e dar origem ao planeta que conhecemos hoje.
Marisol -  “Elementos químicos”? Vô, que é isso?
Vô Luiz - São os diferentes tipos de átomos que existem na natureza.
Marisol - “Átomos”? Que é isso? – a essa altura eu e Toninho estávamos mais do que enrolados.
Vô Luiz - São os “tijolinhos” que formam a matéria.
Toninho - Seu Luiz, explica pra gente entender. Isso é coisa que eu nunca ouvi falar.

Vô Luiz levou a gente pra cozinha e, enquanto mamãe preparava o almoço, ele começou a mexer nas coisas.
Ele pegou a vasilha de sal, a de açúcar, um copo com água e uma bola de aniversário vazia.
Vô Luiz  disse que o sal é formado de tijolinhos que se chamam cloro e sódio. O açúcar é formado por tijolinhos de de carbono, oxigênio e hidrogênio. A água é formada por tijolinhos

de oxigênio e hidrogênio.
                Daqueles nomes todos diferentes,  o único que eu conhecia era cloro porque  de vez em quando a moça que ajuda minha mãe com a limpeza da casa fala:
                - Dona Letícia, o cloro já acabou. Tem que comprar mais.

Fiquei até preocupada. O que meu avô estava preparando?

Olhei pra bola que tinha sobrado  do meu aniversário e vô Luiz pediu que eu enchesse. Soprei. Soprei. Mas eu não sou muito boa nisso. Foi a vez de Toninho me ajudar. Ele é mais forte. Soprou bem. A bola vermelha foi crescendo até que meu vô falou que estava boa. Vô Luiz pegou a bola, mas não deu um nó. Olhou para nós dois  e disse:

Vô Luiz - A bola agora está cheia de ar, ar rico em gás carbônico formado por tijolinhos de carbono e oxigênio.

Nessa hora eu protestei. Vovô falava dos tijolinhos que formavam as coisas e agora falava de tijolinhos no ar?

Marisol - Ah, vô! Tá pensando que eu sou boba? Tijolos formam casas e prédios, não “ar”.
Vô Luiz - Marisol, por que a bola murcha cresceu?
Marisol - Por causa do vento. – eu sabia muito bem disso.
Vô Luiz - E o vento é formado de quê?
Marisol - De nada.

Vovô, então,  colocou a bola em direção ao meu cabelo e soltou o a ponta que estava segurando.

Vô Luiz - Fuiiiiiiiiiiimmmmm...

Aquele vento saiu e fez meu cabelo sair do lugar.

Marisol - Ei, vô!
Vô Luiz - Ué... O nada mexeu no seu cabelo? Como é que “nada” fez isso?

Danado! O vovô me pegou. Fiquei sem saída.

Marisol - Tá bom, vô. O vento é formado de quê?

 Calmamente vô Luiz continuou sua explicação  para mim e para o Tonico. Disse que aquele ar que o Tonico tinha posto lá dentro quando soprou era formado por tijolinhos de carbono e oxigênio que formam o gás carbônico.

Eu e Toninho ainda estávamos falando com o vovô sobre carbono, oxigênio, hidrogênio, cloro, sódio, quando Belinha chegou com Artur, seu irmãozinho.

Arturzinho foi para o colo da vô Vilma e minha amiga ficou ouvindo a explicação de vô Luiz que se desenrolou como uma história de ficção.

“Há muito tempo atrás, um pedacinho do sol se desprendeu, veio pelo espaço numa longa viagem e parou aqui, onde estamos agora. Era um pedacinho pequeno em relação ao sol, mas grande, muito grande em relação a nós.

Como veio do sol, era um bola de fogo, cheia desses “tijolinhos” e muitas outras coisas. Depois de muito tempo começou a esfriar e os elementos químicos, os tijolinhos sobre os quais falamos, começaram a combinar uns com os outros de um jeito que ninguém pode dizer como. Dessas misturas diferentes, começaram a surgir formas, substâncias que são comuns aos seres vivos e outras que não são.”

Demos um intervalo na conversa porque o almoço já estava pronto. Tonico comeu comigo e o pessoal aqui de casa. Mamãe tinha feito peixe, pirão e arroz. Vó Vilma e vô Luiz sempre descansam depois do almoço, gostam de conversar. Eu e Tonico estávamos ainda na cozinha comendo tangerina com a mamãe, quando tio Zezinho chegou.

Mamãe esquentou a comida para ele e nós contamos o que vô Luiz estava ensinando para nós. Tio Zezinho é primo de minha mãe. Os dois desde pequenos costumavam pescar com meu vô, até que, depois do acidente que deixou vô Luiz sem enxergar, eles passaram a ir menos ao mar. Mamãe casou com o papai e tio Zezinho continuou seus estudos.

 Enquanto ele almoçava, nós contamos para ele nossa conversa com vô Luiz, a pergunta de Toninho, a confusão do vento cheio de tijolinhos e as dúvidas que ficaram em nossas cabeças.

Tio Zezinho disse que era tudo muito simples e que nós entenderíamos tudo sobre as substâncias químicas logo, logo.

                Assim aconteceu.