Como ler o livro

Por ser um blog, as postagens mais recentes ficam à frente. Portanto, vejam desde a introdução, os capítulos na sequência numérica. Leiam o 1º capítulo, depois o 2º e por aí vai.
Espero que aprendam, se divirtam e se emocionem com Marisol, sua família e seus amigos.

Atenciosamente,
Sonia da Palma

Contato:
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Capítulo 12 - O arquivo mental


Marisol estava muito assustada. Durante as férias na casa de tia Maria  lá no interior de Minas Gerais, tinha ouvido muitos “causos”, como o povo de lá costumava falar. O Saco, o Boitatá e até o Curupira faziam parte das conversas com aquelas pessoas tão carinhosas, mas isso tudo deixava Marisol agoniada, com medo mesmo. Para completar, tinha jogado videogame  por um longo tempo com seu primos - lutas e monstros. Cada figura... de arrepiar!

Agora, era com a vó Vilma que ia desabafar.

Ao chegar, foi toda beijos e carinhos, mas logo depois, começou o chororô.

Marisol -  Vó, não tenho dormido direito. Minha cabeça está cheia de figuras estranhas, monstros. Eu sonho com eles. Agora, estou com muito medo.
Vó Vilma -- Ah, bobinha! Isso tudo faz parte da sua imaginação.
Marisol -  Hã?
Vó Vilma --  Vá ao dicionário e procure a palavra imaginação.

Assim a menina fez. Pegou o dicionário, que agora já era seu grande amigo por tantas explicações que lhe dava e leu o significado em voz alta.

Marisol -  Aqui está, vó. Imaginação “faculdade de imaginar, conceber e criar imagens. Coisa imaginada. Fantasia. Cisma, apreensão.”
Vó Vilma --  Viu? É algo que não existe, está em nossa cabeça.
Marisol -  Mas eu tenho medo. Não posso falar para os outros porque vão rir de mim, mas a verdade é que eu estou com muito medo.
Vô Luiz--  O medo não é bom conselheiro. – disse vô Luiz que estava chegando. O medo nos faz ver gigantes onde temos formiguinhas.
Marisol -  Mas o senhor é grande, vô.
Vô Luiz - Solzinha, imagine que eu, que não vejo mais a luz do dia, a beleza que existe em toda parte, que não vejo mais o rosto lindo de sua avó e nem o seu, que eu sei que é lindo, imagine se eu fosse ficar com medo por não enxergar com os olhos do corpo?
Marisol -  Desculpe, vô. O senhor tem razão. É muito difícil não ver.
Vô Luiz - Quem é que disse que eu não vejo? – perguntou brincando.
Marisol -  O senhor não enxerga!?!? – falou Marisol encabulada.
Vô Luiz -Ah, meu bem. Quando Deus achou que era hora de eu não enxergar mais com os olhos do corpo físico, abriu os olhos de minha alma de uma maneira maravilhosa. Tudo na vida depende de como sentimos. E pelo que ouvi, você está sentindo medo, não é?
Marisol -  É é é é é.....

Nossa! Com aquele “é” esticado, quase que se desmoronou a chorar.

Vó Vilma --  Acho que tem algo mais aí, Luiz. – disse vó Vilma com certa preocupação. – O que mais tem aí, além do Curupira, Saci e etc.
Marisol -  Vó, Ronaldo, primo da Belinha, falou que o diabo fica atentado quem joga videogame. Que Satanás toma a cabeça das crianças que gostam de jogos de matar. E eu joguei com o Daniel, neto de tia Maria! – e assim dizendo, desatou a soluçar sem parar, sem parar.

Vô Luiz abraçou Marisol e vó Vilma pegou um pouco de água. Fizeram com que ela tomasse aos golinhos e foram massageando suas costas. Seu coraçãozinho estava descompassado.

Depois dos primeiros momentos, conversaram de maneira calma, mas séria, com ela.

Vó Vilma -  Meu bem, lembra do tesouro do qual lhe falei há algum tempo?
Marisol -  Não.
Vó Vilma -  Faça uma forcinha.
Marisol -  O livro dos Espíritos?
Vó Vilma --  Sim. O que ele diz sobre isso?
Marisol - Não sei, vó.
Vô Luiz - Mas eu sei. – disse vó Luiz segurando as mãozinhas de Marisol. – Quando Kardec perguntou aos espíritos se todos os Espíritos são iguais, se irradiam com igual força, os Espíritos lhe responderam que não, pois há diferentes ordens de espíritos de acordo com o grau de perfeição que tenham alcançado e essa força que irradiam depende do grau de pureza do espírito.
Marisol - Vô, não estou entendendo.
Vó Vilma --  O que vovô quer que você entenda, é que nós, espíritas, aprendemos as diferentes ordens de espíritos que há. Não utilizamos as palavras  diabo, demônio porque as pessoas as utilizam se referindo a um ser ou seres criados  para  o mal. Satanás seria  a personificação do mal, um ser cuja única preocupação seria lutar contra Deus. Ora, se houvessem diabos, demônios e Satanás eles seriam obra de Deus. Como é que Deus, justo e bom, criaria seres destinados a serem eternamente maus e infelizes?
Marisol - É, vó. Não dá para aceitar isso.
Vó Vilma --  Nós sabemos que os Espíritos são criados simples e ignorantes.
Marisol - Mas todos vão ser maus para depois serem bons?
Vó Vilma -  Não, querida. São ignorantes, ignoram  que é bom ser bom, fazer o bem. Ninguém tem que ser mau. Deus deu condições de escolhermos entre o bem o e mal. Quem escolhe o mal, assim faz por vontade própria.
Marisol -  Escolhe fazer o mal?
Vó Vilma --  Sim.
Marisol - Então a pessoa é boa e depois escolhe fazer o mal e aí pode deixar de ser boa?
Vó Vilma --  Já conversamos sobre isso. Não pode ser bom e voltar a ser mal. Quem evolui, progride. Quem se torna melhor, não retrocede, não volta  a ser mal.
Marisol -  Mas quem quiser só ficar fazendo coisa errada?
Vó Vilma --  Esse um dia também vai ver um espírito perfeito, puro, mas o caminho que fará é muito mais longo do que aquele que escolhe fazer o bem.
Marisol - Mas o Ronaldo falou aquelas coisas todas de mim, pra mim.
Vô Luiz - Vamos voltar de novo para o início da conversa. – interrompeu vô Luiz para que Marisol entendesse bem tudo.
Marisol - Lembra, vô,  que ele falou aquelas coisas porque eu joguei videogame com o Daniel.
Vô Luiz - Sim. Você já sabe que...
Marisol - Que nós espíritas não usamos as palavras Satanás, diabo ou demônio porque nós sabemos que todos um dia serão espíritos perfeitos. É enquanto eles não aprendem que é bom ser bom. – completou  Marisol mostrando que tinha entendido. O problema agora era o que o colega havia falado que aconteceria com ela.
Vô Luiz - Solzinha, o fato de você jogar videogame com lutas não faz com que um espírito brincalhão ou  perturbador venha atrapalhar sua vida. O que pode ter acontecido é você ter ficado impressionada pelas figuras, pelos desenhos e isso ter ficado em sua mente. – explicou vovô carinhosamente.
Vó Vilma --  E como isso passou a fazer parte do seu arquivo mental, figuras feias e horripilantes passaram a vir  toda hora à sua lembrança, e isso está assustando você. – acrescentou vovó.
Marisol -  Arquivo mental, vô?
Vô Luiz - Tudo que vemos, ouvimos, sentimos, passa a fazer parte de nosso arquivo mental. Poderemos até não perceber isso, não dar conta disso, mas  se nossos olhos viram, nossos ouvidos ouviram, isso fica guardado dentro de nós.
Vó Vilma -  É como se tivéssemos uma caixa enorme para guardar tudinho que vemos, ouvimos e sentimos. – completou vó Vilma.
Vô Luiz - Você guardaria fotografias ou desenho daqueles monstros nessa caixa, se você fosse escolher o que ali colocar?
Marisol -  Não, vô.
Vô Luiz - O que você guardaria? – quis saber o carinhoso vovô.
Marisol -  Meus brinquedos, minhas bonecas, paisagens bonitas, meus amigos e, em especial, vocês.
Vô Luiz - Mas você também guarda  as revistas que seus colegas lhe mostraram, a discussão que você viu na padaria, a declaração que o Jorge fez para Celina quando ele cantou aquela música para ela bem alto aqui do lado de casa.
Marisol -  Ih, vô... Guarda isso tudo?
Vô Luiz - Isso e muito mais. Você não lembra, mas está aí dentro guardado.
Vó Vilma -- Os filmes aos quais você  assistiu, as palavras que ouviu, o que você leu e viu na Internet. – continuou a avó. – Tudo isso faz parte do seu arquivo mental. Portanto, o medo faz com que essas coisas cresçam tanto em importância (que não têm) e a deixem assim: agoniada, sentindo-se insegura.
Marisol - Como é que eu melhoro, vó?
Vó Vilma --  Com Jesus.
Vô Luiz - Você tem orado?
Marisol -  Não muito. – respondeu meio sem jeito.
Vó Vilma -- Orar é conversar. Fazer uma prece é falar. Só que nós conversamos, falamos com Deus, com Jesus, com  Nossa Senhora, com os bons espíritos, com nosso anjo da guarda que, em nome de Deus, está sempre pronto a nos auxiliar.
Marisol - Mas... – levantou os ombros fazendo uma cara sem graça.
Vô Luiz - Você não conversa com tanta gente? – perguntou o vô Luiz sorridente. – Como diz sua mãe “Fala pelos cotovelos.”
Marisol -  Ih...
Vô Luiz - Como  não conversar com nosso Pai que é Deus ou nosso irmão que é Jesus?!?!
Marisol -  Ai, vô, acho que você tem razão.
Vó Vilma --  Está totalmente, completamente cheio de razão.-  arrematou vó Vilma. – Falar com Deus é tão importante quanto nos alimentarmos. A comida dá o sustento para o corpo e a prece para o espírito.
Letícia  - Falando em alimento... Que tal uma salada de frutas? – chamou a mamãe que entrava na sala com uma vasilha para cada um.
Marisol -  Coloca sorvete, mãe?
Letícia  - Não. É bom evitarmos todos os excessos para que o corpo fique com saúde. – arrematou a mãe preocupada com as gostosuras que Marisol adorava ingerir. – As frutas são excelentes alimentos e de-li-ci-o-sas!
Vô Luiz – Solzinha, à salada. Vamos? – propôs vovô.
Marisol - Claro, vô!!!!









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