Dia de
domingo, dia de música.
O pai de Marisol poucas vezes ficava em casa, por isso, toda
vez que tinha uma folga – normalmente aos domingos – colocava os cds de música
clássica.
Augusto - É esta, Marisol? Lembra? – perguntou o pai.
Marisol - Esta é de Villa-Lobos: O Trenzinho Caipira.
Marisol
estava ficando craque em conhecer as músicas e seus compositores porque seu pai
fazia questão de falar sobre cada um deles e suas histórias.
Ao colocar A Pequena Música Noturna para tocar, começou a
falar com a filha como se estivesse pensando alto.
Augusto - Que obra prima, minha filha. Imaginar que teve uma vida tão difícil aqui
na Terra e hoje em dia habita em Júpiter... – e ficou olhando para o ar como se
estivesse vendo maravilhas.
Marisol - Quem?
Augusto - Mozart.
Marisol - Mozart mora em Júpiter? Mas ele não morava aqui na
Terra?
Augusto – Sim, ele
nasceu em Salzburg e morreu em Viena,
na Áustria.
Marisol – Há muito tempo?
Augusto – Tem algum tempo sim. Ele nasceu dia 27 de janeiro de 1756 em Salzburg, e morreu
em Viena dia 6 de dezembro de 1791.
Marisol - Você falou que ele começou a estudar cravo com o
pai aos três anos e que aos seis anos escrevia músicas. Tão pequenininho, não
é?
Augusto – É verdade, minha filha. Ele começou a compor muito
cedo.
Marisol - Você falou
que ele tocava teclado.
Augusto – Teclado,
não. O nome do instrumento é órgão, mas é bem parecido com o teclado.
Mozart era organista da corte do rei.
Marisol – Pai, você sabe tudo!
Augusto – Querida, é só ler, estudar.
Marisol – Você gosta muito de ler, eu sei. Mas você nunca me
falou de Júpiter!
Marisol
parecia ofendida como se um segredo muito importante lhe tivesse sido
escondido.
Augusto - É que eu não lembrei. – falou o pai meio
desconcertado.
Marisol - Como ele foi parar lá?
Augusto - Marisol, vamos ouvir a música. – falou o pai
antevendo uma longa, longuíssima conversa.
Marisol - Ele foi para lá de ônibus espacial? Sim, porque só
de ônibus espacial se vai para outros lugares do universo. Eu quero saber...
Augusto - Minha filha, a música é tão linda.
Marisol - É linda mas eu quero saber como é que ele foi
parar lá.
Todo
clima de apreciação musical tinha ido para o brejo. O pai de Marisol já estava
arrependido de ter feito o comentário porque até que ela entendesse tudinho ia
ser uma chuva de perguntas.
Augusto – Sim, Marisol. Pode perguntar.
Marisol - Perguntar? Pai, eu já fiz um monte de perguntas e
você não respondeu nenhuma.
Augusto - Ah, sim. Desculpe-me. Pode repetir as perguntas?
Marisol - Hum... Por que ele foi pra lá? Ele não era aqui da
Terra?
Augusto - Marisol, uma pergunta de cada vez, sim? Se você
atropela as pessoas com uma pergunta atrás da outra, não dá para organizar o
pensamento.
Marisol - Tá bom, pai. Desculpe. Vou perguntar de forma
organizada. Ele não era aqui da Terra?
Augusto - Sim, mas o espírito vive em diferentes mundos. Nós
não estamos vivendo aqui na Terra pela primeira vez.
Marisol - É, o vô Luiz e a vó Vilma já me ensinaram que
vivemos muitas e muitas vidas porque “não dá, não dá, não dá uma só existência
pra tudo aprender... por isso tal é a lei...” – Marisol cantava a música que
tinha aprendido com os avós.
Nesse momento o pai canta junto com ela:
Augusto e Marisol - “Nascer morrer e renascer. Por isso, tal
é a lei: nascer, morrer e renascer.”
Augusto - Isso mesmo, Marisol. Nascemos muitas vezes em
diferentes mundos. Quando o espírito já se adiantou bastante, ele vai para um
mundo melhor do que o que ele está. Foi o caso de Mozart.
Marisol - Mas ele não pode renascer aqui de novo?
Augusto - Sim, mas ele já tinha progredido. Foi para
Júpiter, que é mais evoluído do que a Terra.
Marisol - Ah... Que pena!
Augusto - Lá ele pode progredir mais. Imagine se você, que
já está na 4ª série, voltasse a estudar na 1ª?
Marisol - Pra quê?
Augusto - Pois é. Para que ele renasceria aqui se ele já
está mais adiantado?
Marisol - É verdade.
Augusto - Mas ele poderia.
Marisol - Ué? É?
Augusto - Sim. Estando em missão, para ajudar o progresso daqueles que estão
aqui.
Marisol - Hum?!?!
Augusto - Lembre-se de quem veio à Terra perfeito, puro,
para nos ensinar o caminho para Deus.
Marisol - Jesus!
Augusto - Isso mesmo.
Marisol - Ah, então, todo mundo que reencarna em um mundo
inferior está tem missão?
Augusto - No caso de espíritos que evoluíram, sim. Pode
acontecer de o espírito reencarnar num mundo inferior ao que estava como
expiação.
Marisol - O que é isso?
Augusto - É quando temos uma vida muito difícil para poder
quitar débitos muito graves do pretérito.
Marisol - E o que é débito e grave?
Augusto - Débito é uma dívida. Grave é porque é algo muito
grande. Vamos supor que eu tenha tantas dívidas para pagar que tenha que vender
a casa para pagar, para quitar esses débitos.
Marisol - Nossa! Isso é muito sério!
Augusto - As dívidas que temos que saldar...
Marisol - Com Deus?
Augusto - Não, perante Deus, pai de amor e perante nossa
própria consciência.
Marisol - Entendi.
Augusto - Só
começamos a “pagar” essas dívidas muito
sérias quando entendemos que erramos
muito, Se não entendemos, não adianta porque ficamos revoltados, reclamamos.
Quando já podemos saldar é através da expiação.
Marisol - Por que o espírito muito endividado nasce em
expiação num planeta inferior?
Augusto - Ah., Marisol, já pensou morar num local em que
você vai ter que pegar animais e matá-los para comer?
Marisol - Eu, heim, pai?!?! O mercado está cheio de comidas
pré-cozidas e a galinha e a carne de vaca já vêm prontinhas para a mamãe
colocar na panela porque EU vejo que é assim que ela faz.
Augusto - Mas se reencarnar num mundo inferior ao nosso, não
vai ter supermercado com tudo prontinho, não. Tem que ir atrás na natureza
mesmo.
Marisol - Jesus!!!!!
Essa expiação é muito ruim.
Augusto - Certamente. Por isso é que temos que estar sempre
no caminho do bem.
Marisol - Pai, será que o Mozart está agora como aqueles ETs
que aparecem nos filmes?
Augusto - Marisol, se ele é um espírito mais evoluído, mais
adiantado, você acha normal que ele tenha um corpo de monstro?
Marisol - Não.
Augusto - Então... O espírito precisa de um envoltório para
poder atuar sobre a matéria e essa matéria é de acordo com o planeta que está.
Marisol - Ah... a mamãe falou sobre isso, sobre perispírito
que pega a matéria do mundo onde está.
Augusto - Isso mesmo. Ela me contou das perguntas que você
foi fazendo sobre diversos planetas.
Marisol - É isso mesmo, pai. Quer ver?
Ela já
ia começar a enumerar os planetas e de onde se tira a matéria do perispírito,
quando o pai a interrompeu:
Augusto - Não, minha filha. Vamos continuar. Quando você vê
o desenho da imagem de Jesus, o que você sente?
Marisol - Nossa! Ele é muito lindo! Eu fecho os olhos e vejo
o rosto dele tão bonito..., um sorriso meigo olhando para mim. Aí eu me sinto
calma.
Augusto - Jesus foi o espírito mais evoluído que passou aqui
pela Terra. Na verdade, ele é o governador de nosso planeta.
Marisol - Como assim?
Augusto - Nossa cidade tem um prefeito, nosso estado tem
um...
Marisol - Governador!
Augusto - Nosso país tem um...
Marisol - Presidente!
Augusto - E o nosso planeta tem Jesus que toma conta dele na
espiritualidade e que está sempre ajudando a resolver todos os problemas.
Marisol - Puxa... Ele é mais importante ainda do que eu
pensava!
Augusto - Pois é. Um espírito evoluído passa paz, harmonia,
felicidade e força.
Marisol - É, pai. Não dá para ser como os monstros do filme
porque eles sempre querem invadir a Terra e destruir os terráqueos.
Augusto - E o espírito, quanto mais evoluído ele é, mais ele
quer...
Marisol - ...ajudar às pessoas.
Augusto - Isso mesmo.
Marisol - Pai, quando ele foi pra lá, como é que ele foi?
Augusto - Você quer saber o quê?
Marisol - Como é que se muda para outro planeta?
Augusto - Vamos ver. – O pai pensou em uma forma bem fácil
de Marisol entender. – Preste atenção, filha. Nós estamos encarnados, não é?
Marisol - É.
Augusto - Moramos onde?
Marisol - No planeta Terra.
Augusto - Isso. Moramos em que plano do planeta Terra?
Marisol - Plano?!?!
Augusto - É, Marisol. Em que parte: plano físico ou plano
espiritual?
Marisol - Ah, entendi. Nós moramos no plano físico.
Augusto - Correto. Quando uma pessoa desencarna, ela vai
habitar em que plano?
Marisol - Plano espiritual.
Augusto - Certo. Como é que os espíritos se locomovem no
plano espiritual?
Marisol - Hum.... Não sei.
Augusto - Pelo pensamento. Para distâncias mais longas vão
de veículos especiais, como temos aqui na Terra.
Marisol - É mesmo? Que legal! E aí como é a mudança pra lá?
Augusto - O espírito vai para o plano espiritual do outro
planeta. É uma longa viagem. Depois que estiver lá acomodado...
Marisol – Ei,pai!
Mamãe falou que quando a gente vai para outro planeta o perispírito
muda.
Augusto - Ele se reveste da matéria própria desse outro
mundo, mas essa mudança se dá com a rapidez de um relâmpago.
Marisol - Ah, papai, é tão bom conversar sobre isso tudo...
Augusto - É verdade. É muito bom conversar sobre tudo que
diz respeito a Deus e Sua criação.
Marisol - Mas... e o Mozart?
Augusto - Depois de se acostumar no plano espiritual de
Júpiter, mundo muito mais evoluído física e moralmente que a Terra, ele deve
ter reencarnado no plano físico.
Marisol - Ué? Por que você falou “deve”?
Augusto - Porque da última vez que soubemos de Mozart, ele
falou de sua vida em Júpiter no plano espiritual. Uma casa muito linda, com
grades e portões com claves de sol, de
dó e notas musicais.
Marisol - Que lindo! Já pensou? Nascer bebezinho lá? – De
repente, Marisol começou a fazer cara de
quem estava pensando em algumas coisas especiais e fez uma careta de desgosto.
– Ai... Passar por tudo de novo: fraldas, mamadeiras, arrancar dentes. Que
horror!
Augusto - Em toda parte a infância é um período necessário,
mas não tão difícil como aqui na Terra.
Marisol - Que quer dizer isso, pai?
Augusto - Que mais rápido o espírito toma consciência de sua
responsabilidade porque seu grau de evolução é maior que o nosso.
Marisol - Que quer dizer isso? Continuo não entendendo.
Augusto - Lembra Jesus quando era pequeno?
Marisol - Sim. Quando ele nasceu...
Augusto - Não, Marisol, quando ele e seus pais foram a
Jerusalém para as festas no templo.
Marisol - Sim.
Augusto - O que aconteceu na volta para casa?
Marisol - Os pais lembraram-se dele no meio do caminho.
Procuraram e não o encontraram. Aí, eles voltaram e encontraram Jesus no
templo.
Augusto - Quantos anos tinha Jesus naquela ocasião?
Marisol - Tinha 12.
Augusto - E o que ele estava fazendo?
Marisol - Ele estava ensinando aos doutores da lei.
Augusto - O quê?
Marisol - Ele estava explicando os livros da leis aos
profetas. Ah... entendi!
Augusto - Percebeu? Jesus tinha apenas 12 anos e já estava consciente de sua missão. Ele
explicava àqueles que eram os doutores da lei.
Marisol - É, pai.
Quando Maria chamou a atenção dele, falando que ela e José estavam
preocupados, Jesus falou para ela: Não vê que estou cuidando das coisas de meu
Pai? E Maria não entendeu naquela hora porque José estava ali. Mas Jesus estava
se referindo a Deus.
Augusto - Você está muito sabida, Marisol.
Marisol -É que vó Vilma sempre me conta histórias de Jesus e
na evangelização nós aprendemos sobre Jesus aos 12 anos na semana passada.
Augusto - Muito bem. Reparou, minha filha? Quanto mais
evoluído é o espírito, mais rápido ele passa pela infância.
Marisol - Ah, pai. Gosto muito de conversar com você. Vamos
continuar ouvindo música?
Dizendo
isso, ela se aconchegou ao pai que, finalmente, poderia continuar apreciando a
grande música. Ele sorriu abraçando-a também e apertou o controle remoto do
aparelho de som que prosseguiu na
execução da “Pequena Música Noturna” de Mozart.
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