Como ler o livro

Por ser um blog, as postagens mais recentes ficam à frente. Portanto, vejam desde a introdução, os capítulos na sequência numérica. Leiam o 1º capítulo, depois o 2º e por aí vai.
Espero que aprendam, se divirtam e se emocionem com Marisol, sua família e seus amigos.

Atenciosamente,
Sonia da Palma

Contato:
soniadapalma@yahoo.com.br

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Capítulo 4 - Falando sobre espírito e matéria



 
Marisol chegou a casa correndo com os olhos cheios de lágrimas.

Marisol - Cadê minha mãe? – perguntou ela à ajudante do lar.
Joana - Que que é isso, menina? Tá chorando? – perguntou Joana com o carinho de sempre. Ela gostava muito daquela danadinha.
Marisol - Cadê, Joana? – Marisol parecia que ia desatar a chorar e não parar  mais.
Vô Luiz - Que confusão é essa aí na varanda? Que é que está havendo, minha lindinha?

                Marisol desatou a chorar. Chorou muito e muito. Quando já parecia ter aliviado todo aquele rio de lágrimas, vô Luiz conseguiu entender a razão.
Marisol - É que na escola me chamaram de “gorda, baleia, saco de areia”.
Vô Luiz - E o que você disse? – quis saber o vô.
Marisol - Eu falei que elas não tinham coração e que não são gente.
Vô Luiz - Bem, meu amor, vamos esclarecer alguns pontos aí. Primeiro: você não é baleia. Se você está meio gorduchinha é porque come bem e está com sua saúde muito boa, pois sua mãe cuida muito bem disso. Segundo: quando alguém maltrata outra pessoa assim, esse alguém não está certo, porque ninguém tem o direito de maltratar ou ridicularizar ninguém. Terceiro: você pode não ter gostado, mas elas também são gente e têm a mesma oportunidade que você tem de crescer em tamanho e conhecimento – elas também são espírito.
Marisol - Mas o espírito delas é muito “ruim”. – disse Marisol fechando o rosto muito aborrecida.
Vô Luiz - Mais outro detalhe: elas não têm espírito.
Marisol - Não, vô? Eu sabia que gente “ruim assim” não tem nada. Mas... Eu pensei que todo mundo tivesse um espírito.
Vô Luiz - Na verdade, Marisol, todos nós somos espíritos.
Marisol - Se elas são espírito igual a mim, porque que elas xingam e batem nos outros e deixam todo mundo com medo?
Vô Luiz - Porque elas precisam adquirir as virtudes que você já tem e você aprender as que elas já têm também.
Marisol - Vô, eu não acredito. Elas são muito “ruim”.
Vô Luiz - É melhor não julgarmos, porque só Deus vê o coração das pessoas. Às vezes, toda essa agressividade nos palavrões, nas palavras, está nos mostrando que alguma coisa está indo muito mal na vida delas. Quem é amado e acarinhado, dificilmente sai por aí batendo e xingando os outros. Preste atenção, meu amor. O espírito é o princípio inteligente do universo. A inteligência é um atributo do espírito.
Marisol - Hum...
Vô Luiz - Vamos esclarecer melhor. A porta e cadeira não podem ser inteligentes porque são feitas de matéria. O corpo também é feito de matéria, e ele só ganha vida porque o  espírito está ligado a ele.
Vó Vilma  - Luiz, por que tanta explicação para nossa Solzinha? – perguntou vó Vilma que vinha chegando.
Marisol - Ah, vó... – Marisol tornou a encher os olhos de lágrimas. – É que me chamaram de “gorda, baleia, saco de areia”.
Vó Vilma  - E logo você, uma menina tão sabida e esperta ficar gastando lágrimas com essas bobagens? – e acariciou a cabeça de Marisol inclinada em seu colo, já que ela havia se sentado na cadeira da varanda ao lado de vô Luiz.
Vô Luiz - Eu estava explicando para ela que todos nós somos espíritos. – disse vô Luiz.
Vó Vilma  - E eternos, não se esqueça.  – acrescentou vovó.
Marisol - Igual que nem Deus? – Marisol estava muito interessada nesse detalhe.
Vô Luiz - Eternos porque Deus quando nos fez, nos fez para viver eternamente.
Marisol - Ai, meu Deus! Aquelas meninas horrorosas vão me xingar por toda a eternidade!!!!
Vô Luiz - Marisol, vamos colocar a cabeça para funcionar. Afinal de contas seus laços são uma gracinha, seu rabo de cavalo é lindinho, mas tudo isso é temporário. – vovô só a chamava assim quando era coisa séria e naquele momento ele queria que ela entendesse muito bem.
Marisol - Mas, vô...É pra sempre.
Vó Vilma  - Deus nos fez eternos, mas a matéria é passageira. – vó Vilma sempre vinha com a resposta certa.

                Vô Luiz continuou a explicar  o que Marisol tinha dificuldade para entender.

Vô Luiz - Querida, nossa matéria, nosso corpo de carne fica só um pouquinho aqui. Nascemos, crescemos, desenvolvemo-nos de diversas maneiras, e chega uma hora que temos que voltar para o lugar de onde viemos.
Marisol - De onde?
Vô Luiz - Da espiritualidade. Lá não precisamos deste corpo de carne que é tão pesado e às vezes adoece. Esse corpo nasce e morre.
Marisol - Lá é todo mundo invisível?
Vô Luiz - Claro que não.   Só que o corpo se torna mais leve por não ter mais esses ossos e músculos.
Marisol - Vira minhoca? A professora disse que se não tivéssemos o nosso esqueleto ficaríamos moles igual às minhocas.
Vô Luiz - Marisol, você tem cada uma...

                Como sempre, lá veio minha avó em meu auxílio.

Vó Vilma  - Marisol, pense em alguém de quem você gosta.
Marisol - Hum... Pensei.
Vó Vilma  - Muito bem. Tente ver, lá dentro de sua cabecinha, o que essa pessoa está fazendo.
Marisol - Hum... Sim.
Vó Vilma  - E aí? O que você viu em sua cabecinha?
Marisol - Eu via a Belinha brincando no jardim com o Arthur.
Vô Luiz - Isso.    A vida do espírito é essa.   Pensou e aí está.   Você, foi bem rapidinho à casa de Belinha e a viu com o irmãozinho, só que você foi em pensamento. Não foi seu corpo que pensou: foi você, Marisol, espírito eterno.
Marisol - Mas vô, as meninas vão viver para sempre me xingando? – e lá fez muxoxo de novo.
Vô Luiz - Não, meu bem. Nascemos para aprender, progredir. O que ela fazem de errado hoje, vão aprender que não é certo e mais tarde vão mudar a forma de agir.
Marisol - E eu vou ficar sendo xingada assim, vó?    Não é justo.
Vó Vilma  - Justo e bom, só Deus. Pense que tudo vai passar e tente não se incomodar. Não podemos mudar os outros, mas podemos mudar a nós mesmos. Vá construindo seu tesouro.
Marisol - Meu tesouro?
Vó Vilma  - Sim, meu amor. Quanto mais  nos tornamos pessoas melhores, mais felizes ficamos, porque compreendemos que temos tudo que precisamos. O que você precisa compreender neste momento é que suas colegas não estão certas, mas isso não pode tirar sua paz, sua tranquilidade, porque você é um espírito eterno, criado por Deus que a ama muito, para ser feliz. Mas não se preocupe, porque sua mãe vai conversar com a sua professora. Está bem, docinho?

                Vó  Vilma deu um gostoso beijo na bochecha de Marisol e  vovô Luiz também.

                Depois de refeita das mágoas, voltou a perguntar aquilo que a tinha interessado tanto.

Marisol - Vô, como é que funciona o espírito no corpo.
Vô Luiz - Fácil, fácil de entender. Como é que você faz quando dorme?
Marisol - Durmo, ué?
Vô Luiz - Mas você anda? Vai à escola?
Marisol - Vôôôô... Claro que não.
Vô Luiz - Por quê?
Marisol - Porque eu estou dormindo.
Vô Luiz - Porque você, Marisol, espírito, está no plano espiritual e não no plano da matéria. Quando acorda, o espírito que está usando esse corpo de carne com esses cachinhos, bochechas tão bonitinhos, volta a agir na matéria. E aí vemos Marisol dar bom dia, contar suas histórias, ir para a escola e brincar.
Marisol - Que legal! Puxa, muito bom não precisar me aborrecer com as bobagens dos outros. Vou contar para Belinha o que aprendi. Aposto que ela não sabe que é espírito! Já volto tá bom, vó?
Vó Vilma  - Vai, Marisol. Não demore por causa da janta.

                Marisol atravessou o jardim e lá se foi para a casa de Belinha contar mais uma vez o que havia aprendido. Belinha estava na varanda e ficaram lá até a hora do jantar.












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