Como ler o livro

Por ser um blog, as postagens mais recentes ficam à frente. Portanto, vejam desde a introdução, os capítulos na sequência numérica. Leiam o 1º capítulo, depois o 2º e por aí vai.
Espero que aprendam, se divirtam e se emocionem com Marisol, sua família e seus amigos.

Atenciosamente,
Sonia da Palma

Contato:
soniadapalma@yahoo.com.br

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Capítulo 18 - Transmigrações progressivas


Belinha chegou à casa de Marisol com um aquário redondo, pequeno, cheio de coisinhas pretas nadando.

Belinha – Marisol, venha ver o que eu peguei.
Marisol – Ah, Belinha, que lindos! Quantos peixinhos!
Belinha – Marisol, não são peixinhos.
Marisol – Claro que são. Meio diferentes, é verdade, mas são umas gracinhas.
Belinha – Marisol, isso aqui está cheio de girinos.
Marisol - Onde?
Belinha – Aqui, ó. – E falando assim, apontou para os “peixinhos” que nadavam.
Marisol – Ah, Belinha, eu nunca tinha visto girinos de verdade, só nos livros.

                E ficaram as duas amiguinhas se distraindo com as brincadeiras de criança. Mais tarde, quando Belinha já estava de volta à sua casa, Marisol foi conversar com vó Vilma.

Marisol – Vó, eu hoje até que consegui disfarçar direitinho.
Vó Vilma – Disfarçar o quê?
Marisol – Ah, vó, eu dei uma mancada...
Vó Vilma –  E o que foi? Qual foi a bobagem desta vez? – perguntou sorrindo.
Marisol – Eu chamei  girino de peixe.
Vó Vilma – E o que tem de mais em não saber as coisas. Ninguém nasce sabendo tudo.
Marisol – É que eu fiquei sem graça. Mas, vó! Eu nunca tinha visto girino de verdade, só nas revistas e no livro da escola.
Vó Vilma – Não se preocupe. Como os girinos, você também está na sua infância, fase de largo aprendizado. Por isso é que não tem problema nenhum não saber as coisas, ignorar, porque nós estamos aqui...
Marisol – Já sei. “Para aprender”.
Vó Vilma – É verdade. A vida do espírito em seu conjunto apresenta as mesmas fases que observamos na vida corporal.
Marisol – Como assim, vó?
Vó Vilma –  O espírito vai se desenvolvendo devagar, como se fosse de um embriãozinho  dentro da barriga da mamãe. Vai  crescendo, nasce e chega a ser uma criança  como você  que está feliz aqui conosco. Você não viu o girino?
Marisol – Sim.
Vó Vilma – Vamos pensar no girino como o período da infância do espírito.
Marisol – Como assim, vó?
Vó Vilma – Veja aqui. Vou fazer um desenho e você vai colorir.
Marisol – Oba! Vou pegar meu lápis de cor.

                Nesse momento, vó Vilma  começou a desenhar em uma folha e Marisol logo logo tratou de colorir.. Assim que o desenho ficou pronto, a avó começou a explicar à menina.


Vó Vilma – Olhe só, Marisol. Essas são as etapas de desenvolvimento do sapo, que é o adulto.
Marisol - Hum... Primeiro vem o ovo e depois, foi assim que eu vi no aquário que Belinha trouxe.
Vó Vilma – Depois do ovo, forma-se o girino. Um pouquinho depois, ele cria umas patinhas. Logo, logo ele perde o rabo e então o vemos como um sapinho.
Marisol – Engraçado... cresce pata,  cresce rabo, perde rabo.
Vó Vilma – São as transformações pelas quais ele passa. Vamos comparar com o desenvolvimento do espírito.
Marisol – Então mostra.

Vó Vilma completou.

Ovo – início da vida do espírito. É apenas instintiva.
Girino (infância) – a inteligência apenas desabrocha.

Nesse momento, Marisol quis saber:

Marisol – Vó, é como nos índios?
Vó Vilma –“ Índios” que você quer saber eu vou substituir por “selvagens”.
Marisol – Tudo bem.
Vó Vilma – Nossos selvagens são almas no estado de infância relativa porque já têm paixões.
Marisol – Como assim?
Vó Vilma – Paixão pela tribo, paixão pela luta, paixão pela natureza e, às vezes por tão grande paixão eles matam com...

                Marisol já queria saber do restante do desenho e a explicação já estava mais do que suficiente.

Marisol – Continua o desenho, vó.

                E vó Vilma continuou seu trabalho.
             Ovo – início da vida do espírito. É apenas instintiva.
             Girino (infância) – a inteligência apenas desabrocha.
                               Passa por períodos sucessivos
             Crescendo patas
             Perdendo o rabo
                Até tornar-se um adulto (sapo) que é o estado da perfeição.
             Sapo
Marisol – Ih, vó! Que legal!
Vó Vilma – Muito legal mesmo. A vida tem um começo, mas não terá fim. Ao ficar mais “velho”, o espírito não fica como nosso corpo, cheio de rugas, cabelos brancos, a pele mais molinha... Não... o espírito, quanto mais velho for, mais sábio, bondoso e lindo ele se torna porque ele vai, através de inúmeras encarnações, em diversos mundo, caminhando rumo à perfeição.
Marisol – Mas... se ele não aproveitar a encarnação dele?
Vó Vilma – Ele volta. A vida é contínua.

                Nesse instante, vó Luiz vinha chegando e foi logo chamando a atenção das duas com sua voz possante.

Vô Luiz – Solzinha!
Marisol – Oi, vô.
Vô Luiz – Quero que você me diga o antônimo. Certo?
Marisol – Certo! Manda, vô!
Vô Luiz – O antônimo  de dia?
Marisol – Noite.
Vô Luiz – O antônimo de grande?
Marisol – Pequeno.
Vô Luiz – O antônimo de claro?
Marisol – Escuro.
Vô Luiz – O antônimo  de morte?
Marisol – Vida.
Vô Luiz – Sua resposta está co................
Marisol – Correta!
Vô Luiz – Sua resposta está com erro! – e soltou sua sonora gargalhada.
Marisol – Ué? Como?
Vô Luiz – Porque o contrário de morte é nascimento.
Marisol – E a vida?

                Vô Luiz começou a cantar:
Pois o Evangelho a todos ensina....
O Espírito reencarna, a vida é contínua.

Marisol – Ih, vô. Não é que você me pegou?
Vô Luiz – Peguei, não é? Sua avó acabando de explicar, falou tudinho e você...
Marisol – É que eu estava voando.
Vó Vilma – É mesmo, Solzinha. E eu pensando que você estava prestando atenção a tudinho, heim, menina?
Marisol – Ah, vó, é que eu não gosto de dar mancada.
Vó Vilma – Ainda por causa da história dos girinos?
Marisol – É. É tão chato errar...
Vó Vilma – Todos erram. No dia que não errar mais será um espírito...
Vô Luiz  – Perfeito como Jesus. Mas até lá...
Marisol – Eu tenho muito chão, não é?
Vô Luiz  – Você só, não. Todos nós. Colhendo experiências, progredindo na ciência e na moral.
Marisol – Mas não pode deixar alguma coisinha para a outra encarnação?
Vô Luiz  – Deixamos sempre “muitas coisinhas” para a outra encarnação, mas quanto mais nos adiantarmos na vida atual, mais facilitaremos a próxima. – completou vô Luiz.
Marisol – Vô, se a gente esquece as coisas quando nasce, será que eu  poderei ficar má na outra vida?
Vô Luiz  – Meu bem, a marcha dos espíritos é progressiva, jamais retrograda.
Marisol – O quê?
Vô Luiz  – Nunca volta para trás. Tudo aquilo que você aprende e conquista tornando-se uma pessoa melhor, não estou falando de coisas materiais...
Marisol – Eu sei, vó. Eu já sei que tudo que vocês me ensinam é para eu ser uma pessoa melhor, menos birrenta..., não é,vó? – e deu um olhar significativo para sua querida vozinha.
Vó Vilma – Isso mesmo, Solzinha.
Marisol – Vô, por isso que quando vó Vilma  começou a me ensinar tudo isso, falou do tesouro que eu ia conhecer.
Vô Luiz  – Conhecer só, não. Conquistar.
Vó Vilma – É isso mesmo, querida. Tudo que você conquista, conquistas morais e intelectuais, ou seja, estudando, desenvolvendo sua inteligência, você não perde. É você conquistando seu tesouro por toda eternidade.
Marisol – Mas eu não nasci sabendo ler nem escrever. Eu tive que estudar.
Vó Vilma – Certamente. Aí está  o esquecimento do passado. Mas você já reparou quantos colegas seus têm dificuldade  na escola e você vai com tanta facilidade?
Marisol – É mesmo. Nem tinha reparado nisso.
Vó Vilma – Aí ficou mal acostumada, achando que tem que saber tudo e empacou com a história dos girinos. – completou a avó com um sorriso doce olhando-a bem nos olhinhos de esperteza.
Marisol – Tá bom, vó. Eu entendi. Agora eu já aprendi que eles são girinos e sei que foi bobagem ter ficado tão amolada.
Vó Vilma – Que cheirinho bom, não é Luiz?
Vô Luiz – A Letícia estava fazendo pão e acho que a fornada já está saindo. Isso com um cafezinho...
Marisol – Vamos lá, que adoro o pão quentinho da mamãe.

                E lá se foram os três rumo à cozinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário