Vô Luiz e vó Vilma estavam sempre cantando. Ele tocando
violão, ela compondo músicas que ensinavam a viver melhor.
“Este corpo de carne em que estou encarnado
é um tesouro que Deus me deu emprestado...”
Marisol estava de chegando com Belinha e como as duas já
conheciam a música, continuaram.
“Por ele eu vou à escola, eu ouço, eu vejo, eu posso falar,
sentir o perfume das flores, de tudo saber o paladar...”
Belinha - Seu Luiz, eu não sei a continuação. – protestou
Belinha.
Vô Luiz - Então,
vamos lá.
“Eu espírito que penso, que aprendo, que sinto,
que tomo qualquer decisão,
recebi este corpo emprestado para progredir nesta
encarnação.
Quando ele ficar bem velhinho, cansado, fraquinho,
ou mesmo quebrado,
serei obrigado a deixá-lo e estarei espírito desencarnado.”
Belinha - Ah, dona Vilma, explica o que isso quer dizer. –
quis saber Belinha.
Vó Vilma - Quer dizer que Deus criou você espírito imortal.
Belinha - Ué? Todo mundo morre.
Vó Vilma - Não é bem assim.
Belinha - Eu não vou morrer?
Marisol - Nunquinha. Eu já sabia disso. – disse Marisol toda
faceira querendo se fazer de muito entendida em assuntos do Espírito.
Vô Luiz - Solzinha, deixa a vovó explicar. – pediu vô Luiz.
Vó Vilma - Belinha, você ama sua mãe?
Belinha - Sim.
Vó Vilma - E seu pai?
Belinha - Claro. Mas por que a senhora quer saber isso?
Vô Luiz - Deus é o Criador de todos nós. Jesus ensinou que
Deus é nosso Pai, e como pai, ama muito a todos.
Vó Vilma - O pai de sua mãe é vivo?
Belinha - Não, o vô Joaquim já morreu.
Vó Vilma - E sua mãe deixou de gostar dele?
Belinha - Não. Ela sempre vai ao cemitério e leva flores
para ele.
Vó Vilma - Pois é. Como você vê, os laços de amor, carinho e
respeito que ligavam sua mãe ao pai não acabaram.
Belinha - É verdade.
Vó Vilma - Você acha que faria sentido Deus criar criaturas
que se amam e com a morte destruir tudo isso que existia e unia uns aos outros?
Belinha - Nunca tinha pensado nisso. – Belinha fazia cara de quem se indagava,
tentando entender o que estava sendo falado. – Não faz sentido. Deus não seria
bom.
Vô Luiz - Deus é Pai de Amor. – acrescentou vô Luiz sem
querer interromper a explicação.
Belinha continuou a perguntar:
Belinha - Mas... quando morre, o que acontece?
Vó Vilma - O que morre é o corpo. Lembra-se da música?
“Quando ele ficar bem velhinho, cansado, fraquinho, ou mesmo quebrado...” Se o
corpo não tem condições de viver, o corpo morre, mas o espírito continua.
Belinha - A minha mãe teve uma filhinha que morreu poucos
dias depois que nasceu. Ela nasceu doentinha. Era Nicole, minha irmã mais
velha.
Vó Vilma - O corpo pode ser de gente velhinha, de gente
grande, de criança ou até mesmo de bebezinho. Se houver algum problema e ele
não puder ficar aqui na Terra vivo, o corpo morre, mas o espírito continua
vivo.
Belinha - Então Nicole está viva?!?! – quis saber com os
olhinhos cheios de lágrimas.
Vó Vilma - Sim. E se for permitido por Deus, ela pode até
visitar vocês.
Belinha - Mas como eu vou saber?
Vó Vilma - Você, Belinha, está espírito encarnado porque
você vive na Terra com esse corpo de carne. Nicole, sua irmã, é um espírito
desencarnado, assim como seu avô Joaquim.
Belinha - E ele também pode visitar a gente?
Vó Vilma - Certamente.
Belinha - Mas... E as flores que mamãe leva para ele?
Vó Vilma - Ah, ele deve gostar muito. E o que deve acontecer
é o seguinte: quando sua mãe pensa em levar as flores para ele, ele sente o
carinho mais forte através do pensamento, vai até sua casa e de lá, sai com
ela.
Belinha - Mamãe diz que gosta de levar flores para ele
porque ela se sente mais perto dele.
Vó Vilma - Na verdade, ele sente a vibração de saudade, amor
e vem estar com ela nesses momentos. Enquanto ela ora por ele, conversa
mentalmente com ele, e ele, espírito, ali do lado, vai respondendo e falando
também do seu carinho e de seu amor.
Belinha - Puxa... Que legal! E a Nicole?
Vó Vilma - Deve estar estudando. Você também pode pedir a
Deus por ela.
Belinha - Eu rezo por ela. Eu e mamãe.
Vó Vilma - Muito bem, Belinha. Continuando, o que a música
nos ensina? “Eu espírito que penso, que aprendo, que sinto, que tomo qualquer
decisão.” Que quer dizer isso?
Vô
Luiz, nesse momento, continuou a explicar:
Vô Luiz - Quem pensa, quem aprende, quem sente, quem toma as
decisões é o espírito. Belinha, espírito. Marisol, espírito. Não é o corpo da
Belinha que toma as decisões. Não é o corpo da Marisol que aprende. Entenderam?
Belinha - Agora estou entendendo. Mas, seu Luiz, como é que
eu posso explicar para os outros o que é espírito?
Vô Luiz - Fica fácil assim: Espírito é o ser inteligente da
criação de Deus. Pode estar encarnado ou desencarnado.
Marisol já estava indo além nas suas divagações e quis
saber:
Marisol - Deus criou os espíritos todos na mesma hora?
Vó
Vilma sempre citava Jesus para não deixar nenhuma dúvida ao que falava.
Vó Vilma - Jesus disse uma frase assim: "Até hoje meu
Pai trabalha e eu
também.” Deus cria
espíritos desde sempre. Ele jamais
deixou de criar.
Marisol - Mas como Ele faz isso?
Vô Luiz - Deus não cria só espíritos, cria também outras
criaturas, e todos eles pela sua vontade. Mas a origem é um mis-té-rio. – disse
vô Luiz fazendo uma cara engraçada, sacudindo as mãos ao lado da cabeça.
Marisol - Mas um dia..., né, vó? – quis saber Marisol se
estava perto o dia de saber.
Vô Luiz - Um dia, minha querida, muito distante de agora,
conheceremos e entenderemos. – disse vô Luiz afagando o rosto da menina com um
doce sorriso. Depois do almoço continuamos a conversar, está bem?
Cada um
seguiu numa direção, mas de todos os presentes ali, Belinha foi a que saiu mais
comovida após aquela conversa. Muitas informações novas e a certeza de que o
amor perdura além do corpo físico
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